20 de mar. de 2014

Outono - Tempo de Perdas e Ganhos

Se prestarmos mais atenção aos detalhes da natureza, perceberemos que cada estação do ano traz mensagens e convites específicos. No entanto, muitas vezes não conseguimos enxergar esses sinais porque insistimos em achar que não somos parte integrante do meio ambiente. Cada estação do ano nos convida a novas posturas e nos oferece uma série de aprendizados para a vida. O outono, é uma época especialmente recheada de significados que podem enriquecer nossas percepções. Esse período chega logo após o verão, aquela estação de tempo quente, aberto, de plena luz e em que nossos movimentos tendem para o mundo externo. Não é à toa que para chegar a uma estação intermediária precisamos das "águas de março", uma chuvinha persistente que vai resfriando o tempo aos poucos.

O outono é uma época de transição entre os extremos de temperatura verão-inverno. Qual é a principal imagem que lhe vem à mente quando pensa em outono? É bastante provável que a maioria das pessoas responda a essa pergunta lembrando da clássica imagem das árvores perdendo suas folhas. Mas você sabe por que acontece essa perda? Se as árvores não as deixassem ir, não sobreviveriam à próxima estação. As folhas se queimariam com o frio do inverno e, assim, os ciclos de respiração da árvore se findariam bruscamente, o que resultaria no fim da vida. A natureza nos mostra mais uma vez a beleza de sua sabedoria: é preciso entrega, é preciso deixar ir o que não serve mais, para proteger o que é mais importante.

O que a princípio pode parecer uma perda é na verdade um ganho: ela ganha mais tempo de vida, e chega renovada às próximas estações.

Reflita a partir disso: o que você precisa deixar ir, do que você precisa abrir mão para seguir firme para os próximos ciclos, para continuar a crescer? O outono é também estação de amadurecimento dos frutos. É o tempo de deixar ir inclusive os resultados de nossos esforços, para que novas forças possam gestar outros futuros projetos.

Durante essa época é válido observar quais elementos em você precisam ser sacrificados para que o mais sagrado para sua vida seja preservado ou resgatado. Pense na palavra sacrifício a partir de sua etimologia: é um sagrado ofício, um trabalho, uma ação que possui um caráter sagrado, para além do superficial, que transcende o banal, que tem um significado maior.

ABRA-SE AO NASCER DE UM NOVO TEMPO

No outono, é importante questionar se o medo e a dúvida estão impedindo seus ideais maiores de serem realizados. Reflita se alguns comportamentos repetitivos lhe afastam do seu real potencial criativo. Talvez seja chegado o momento de tomar consciência e assumir uma atitude de compromisso consigo, desapegando-se daquilo que não lhe serve mais, daquilo que esteja impedindo seus passos rumo às próximas estações de seu crescimento.

Não é simples, nem fácil, mas também não é impossível. Como tudo na natureza, nossos processos de mudança carecem de tempo para se instalarem. Tempo para ir amadurecendo, até que seja o momento da colheita. Passo a passo, reflita sobre os pesos desnecessários que podem estar atrasando seu caminhar, vá se desapegando e deixando ir.

Lembro agora as palavras de Tom Jobim: "São as águas de março fechando o verão, é promessa de vida no meu coração". Mesmo que as águas pareçam dar fim ao melhor da festa do verão, na verdade, elas estão nos mostrando que a vida segue e novas estações virão! Acredite: observando a natureza podemos concluir que depois da noite sempre vem o dia. Acredite que vale a pena se libertar para deixar nascer um novo tempo.


Juliana Garcia
Master Coach, psicodramatista, palestrante, facilitadora de grupos e escritora. 
Coordena em seu consultório atividadesvoltadas para autoconhecimento, 

bem-estar e desenvolvimento pessoal.
Fonte: Personare


12 de mar. de 2014

Encerrando Ciclos

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. 

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...

Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. 

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. 
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". 

Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. 
Sonia Hurtado


9 de mar. de 2014

A Morte não é Nada!

A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo.
Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.
A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas?
Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho...
Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi.
Santo Agostinho




4 de mar. de 2014

Anos 80 - Um Museu De Grandes Novidades

No meu tempo, curso obrigatório era de datilografia. Imprescindível, para qualquer trabalho, porque no meu tempo, os computadores eram enormes e só servia a alguns privilegiados. A maioria dos escritórios funcionava mais ou menos da mesma maneira que no começo do século. Arquivos de metal, máquinas de escrever, papel carbono e memorandos faziam parte do dia a dia.

No meu tempo uma máquina elétrica era o máximo do chiquê.

No meu tempo não tinha telefone celular, aqui no Brasil. Nos filmes de seriado, os atores falavam em telefones, nos carros, quase uma ficção cientifica. Os celulares existiam, mas tinham o tamanho de uma caixa de sapatos.

No meu tempo vitrola não chamava mais vitrola, mas se chamava som. Ainda existiam discos de vinil mas a modernidade era tocar cds. Eu ouvia os cds da Rita Lee, da Blitz, do Cazuza. Um toca-fita instalado no carro era comum, mas um toca-cd era o auge da sofisticação.

Meu pai ia a boate, mas eu, ia a discoteca e me acabava dançando a noite inteira.

A Sonia Braga apareceu numa novela, elegantérrima , de meia de lurex e sandália, dançando numa discoteca. No meu tempo, meia com sandália não era cafona.

No meu tempo o homem foi a Lua, se não tivesse ido, o famoso “ moonwalker” do Michael Jackson não existiria. Marcou presença também o “Thriller”,o melhor vídeo clipe já produzido até hoje.

No meu tempo, menina brincava de boneca e menino brincava de boneco. As meninas tinham as Barbies e Suzies e os meninos brincavam de Falcon, de Batman, de Super Homem, o homem de seis milhões de dólares tinha até uma lente de aumento no olho, um olho biônico.

O “genius” foi o primeiro brinquedo eletrônico que fez grande sucesso com a molecada, que hoje se concentra em jogos de vídeo games.

No meu tempo, menino e menina brincavam também com os mais de 500 bonecos do playmobil e para endoidar a cabeça, nada mais nada menos que o “cubo mágico”.

Embora o Monteiro Lobato não fosse dessa época, seus personagens habitavam a minha televisão. Todo dia, de manhã e a tarde, as crianças se encantavam com as aventuras da Emília, do Visconde, do Pedrinho e da Narizinho. E a Xuxa tinha uma nave espacial, cheia de luzes piscando, que soltava fumaça e decolava no final do programa.

No meu tempo não tinha tv a cabo, mas tinha tv colorida. A gente podia gravar programa na tv com gravador de vídeo cassete, e todo mundo era sócio de locadora e podia assistir aos filmes que quisessem em casa.

No meu tempo o cinema era as 2,4,6,8 e 10 hs ,e só vendia bala ou chocolate. A pipoca vinha da carrocinha estacionada na entrada.

Fizeram o maior sucesso os filmes Guerra nas estrelas, Indiana Jones, Blade Runner, Et – o extraterrestre, Flash Dance e o aterrorizante Brinquedo assassino.

Os enlatados faziam sucesso – entre eles se destacavam – o Incrível Hulk, um brutamontes verde, na verdade um cientista que sofria transformação quando se enraivecia, além da Mulher Maravilha, e as panteras, cujos penteados eram copiados a exaustão.

No tempo do meu pai, comedia brasileira era com Oscarito e Grande Otelo. No meu tempo,era com Os Trapalhões, que batiam recorde de bilheteria.

No meu tempo todo mundo jogava na loteria esportiva, na esperança de dias melhores. A zebrinha anunciava os resultados, no domingo a noite.

No meu tempo também, todo mundo via novela, O reino de Avilã era uma parodia sobre o Brasil, e quem foi mesmo que matou Odete Roitman? E a viúva Porcina fazia sucesso com seus exageros.

O Carnaval começava a se estruturar, nos moldes contemporâneos. Afinal, Chico Buarque já cantava....
... ♫ ...Vai passar, nessa avenida um samba popular. Cada paralelepípedo da velha cidade, essa noite vai se arrepiar, ao lembrar que aqui passaram sambas imortais, que aqui sangraram pelos nossos pés, que aqui sambaram nossos ancestrais... ♫ ...

Rosa Magalhães 
Carnavalesca da Escola de Samba "Dragões da Real", enredo do Carnaval de 2014.
Baseado em artigo de Arthur Xexéo (sobre lembranças de anos anteriores)


2 de mar. de 2014

O Valioso Tempo dos Maduros

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas...
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
Mário de Andrade


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