Uma coisa é a legalização do aborto de anencéfalo, ou de qualquer outro imperfeito, ou indesejado; outra muito diferente é imaginar que a pratica do ato, libertará qualquer mãe da dor e do sofrimento que poderá advir de tal experiência.
A decisão pelo aborto cabe única e exclusivamente a mãe. Os familiares e até mesmo ‘o pai’, devem manter-se imparciais nessa escolha, cabe-lhes o papel apenas de apoiar a opção escolhida; sugestões e pressões formadoras de opinião devem ser sumariamente evitadas. Não há médicos, maridos, familiares e amigos que possam compreender e sentir o que vai pelo instinto materno.
Duas máximas populares resistem ao tempo e por nunca terem sido contestadas ou desmentidas devemos dar-lhes veracidade; ao descreverem as mães como sendo ‘todas iguais’ e definirem o ato da maternidade como ‘ser mãe é padecer no paraíso’; penso que a sabedoria popular conseguiu ser tão correta em suas definições, simplesmente porque resulta de vivências milenares e de infinitas experiências.
Fato é que o sentimento de ‘ser mãe’, para a maioria das mulheres, não acontece apenas quando ela toma seu filho nos braços, queiram ‘os outros’ ou não a mulher já “sente-se mãe” quando seu filho é um mero embrião e, não raramente, esse amor acorre já na idealização e desejo de ter um filho.
Assim, não há médicos, juízes e legalização que irá amenizar ‘as dores’ que venham ocorrer durante a gravidez ou após o nascimento de um filho. Ter um filho é viver para sempre em um corpo externo; presenciar a morte de um filho é ter total consciência de nossa incompetência diante da vontade Divina, que mesmo implacável, tem o poder de amenizar a perda irreparável.
É ilusão imaginar que a decisão de ceifar uma vida, tendo por base a tentativa de amenizar o sofrimento de um filho ou da própria mãe, poderá diminuir dores e secar lágrimas, essas não poderão ser evitadas pela ‘praticidade’ de fazer uso da Lei, melhor sofrer todas as dores e chorar todas as lágrimas pelo tempo pré-determinado da evolução natural ou dos preceitos Divinos, a prolongar esse sofrimento e essa dor em decorrência do sentimento de culpa que pode durar para toda uma vida.
Se religiosas, deixe nas mãos de Deus; se céticas, permita que a natureza complete seu ciclo. É mais fácil resignar-se diante da fatalidade do que conviver com o peso da responsabilidade.
By Nádia
(Publicado em 24/04/2012, no Jornal da Cidade de Bauru)
(Publicado em 24/04/2012, no Jornal da Cidade de Bauru)
Perfeio Nádia.
ResponderExcluirSou contra o aborto de 'filhos indesejados', hoje em dia todo mundo sabe como se prevenir, eu só levo em consideração o aborto nos casos citados acima, má formação etc...
Só quem já perdeu um filho sabe a dor que é.
Eu perdi a minha 3 anos atrás, ela só teve vida dentro do meu corpo, mas só Deus sabe o vazio que ficou, mesmo sem ter tido tempo para tê-la nos braços.
Aline,
ResponderExcluirVocê não é única que me fala sobre esse 'vazio' que fica por consequência de um aborto involuntário ou de um nati-morto.
Conheço algumas que optaram pelo aborto voluntario para interromper uma gravidez indesejada, nenhuma 'livrou-se' da lembrança do gesto sem que isso lhes traga tristeza, culpa ou arrependimento.
Sou a favor da legalização do aborto, mas sendo espirita, sou totalmente contra a pratica do mesmo, seja qual for o motivo.
Sou espiritualista então entendo você perfeitamente. As vezes um filho com problemas sérios nasce para ensinar coisas incríveis a uma família, mas é aquilo, nem todos conseguem enxergar dessa forma, muitos não sabem segurar a barra de ter um bebê com problemas. Eu de fato nunca abortaria, deixaria nas mãos divinas.
ResponderExcluirSegundo a doutrina kardecista, as deficiências são escolhas nossas antes de encarnarmos e que o espirito se une ao corpo já na gestação, por isso uma gravidez jamais deve ser interrompida, há sempre ensinamentos e missões a serem cumbridas por livre escolha....
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