Já fui maníaca por arrumação, tudo tinha que estar meticulosa
e estrategicamente nos seus devidos lugares, não tinha preguiça de organizar e
reorganizar tudo, quantas vezes fossem necessárias e se não fosse necessário,
fazia também. Era a “neura”.
Antes que evoluísse ou diagnosticassem um TOC, revolvi mudar.
Passei a fazer vista grossa. Não me acostumei à bagunça, passei a ignorá-la,
tipo “o que os olhos não veem o coração não sente”, recolhia o que estava muito
visível e enchia gavetas, armário, quartinhos e porta-trecos. Fechava tudo e
ficava com a falsa sensação de que estava tudo certo.
Duas frases passaram a habitar minha consciência, uma de domínio
público que diz “varrer onde o Papa passa ou a sogra vê” e a outra de autoria
da Bruna Lombardi, onde ela diz que “quanto mais me aprofundo na desordem,
melhor me oriento”.
Sim, uma “orientação” é tudo que você pode ter numa bagunça
generalizada, certeza você nunca tem, passa a viver de “achismos” ou a pergunta
perturbadora “onde foi mesmo que eu vi ou coloquei”? Arrumei outra neura, a
insegurança e o constante temor de perder, ou não achar, o que precisava ser
encontrado.
Conscientizei-me que precisava mudar novamente, nem tanto o
céu, nem tanto a terra, um meio termo é sempre a melhor opção.
Arregacei as mangas e “mergulhei na bagunça”, ou melhor,
estou mergulhada nela ainda, todos os dias escolho um alvo e escrutino tudo, o
que é importante ou não pode ser dispensado, é devidamente guardado com outros
similares, caso contrário vai para o lixo, para doação ou para a churrasqueira
para ser queimado. Começa a sobrar espaço...
Estou me sentindo mais leve, mais ciente dos pertences da
casa, mais orientada e segura.
Ao invés de anti-obsessivos, vou tomar um anti-alérgico,
porque pó e ácaros, sem nem mesmo pagarem aluguel, estavam morando aqui...
A teoria do caos, não cura neuras...
By Nádia Tayar
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