Numa conferência em 11 de Maio de 1996, Carl Sagan falou dos seus
pensamentos, sobre a histórica fotografia tirada da missão Apollo 8, mostrando
a Terra como um "pálido ponto azul" na granulada imagem.
Acho esse texto maravilhoso e nos faz ver o quão
insignificantes somos, diante da imensidão do Universo, e de como nossos
valores são obsoletos e diminutos diante de tanta pequenez.
Leva-nos também a refletir, que mesmo diante de tamanha “solidão
cósmica”, tentamos desesperadamente buscar ajuda ou solução externa, para
sobrevivermos à destruição a que nos expomos, ao destruirmos o “nosso único lar”.
Completo esse Post, com um vídeo, onde Michael Jackson declama o
poema “Planet Earth” que fala exatamente do amor que devemos deixar
nascer em nós, direcionado ao nosso Planeta.
Que se encontra “agonizante” por nossa culpa e por nosso
desamor.
Amá-lo é devotar amor a nós mesmos, salvá-lo é
sobrevivermos.
“Você se importa? Você tem uma parte...”
Vista dessa distância, a Terra não parece ter nenhum interesse especial, mas para nós é diferente.
Considere novamente esse ponto. É aqui. É o nosso lar. Somos nós.
Nele, todos a quem você ama, todos aqueles que você conhece, todos de quem já ouviu falar, todos os seres humanos que já existiram, viveram as suas vidas.
Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas, todos os caçadores e saqueadores, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilizações, cada rei e camponês, cada casal apaixonado, cada mãe e pai, criança esperançosa, inventor e explorador, cada professor de moral, cada político corrupto, cada “superastro”, cada “líder supremo”, todos os santos e pecadores da história da nossa espécie, viveram aqui, em um grão de areia suspenso num raio de sol.
A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica.
Pensem nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores, para que na glória do Triunfo, pudessem ser os senhores momentâneos de uma fração desse ponto.
Pensem nas crueldades infinitas, cometidas pelos habitantes de um canto desse pixel, contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, o quão frequente seus desentendimentos, o quão dispostos estão para matar uns aos outros e quão inflamados seus ódios.
Nossas atitudes, nossa pretensa importância, a desilusão de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo isso é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida.
O nosso Planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante.
Em nossa obscuridade, em meio a toda essa imensidão, não há nenhum indicio de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos.
A Terra é, até agora, o único mundo conhecido que abriga vida.
Não há nenhum outro lugar, ao menos no futuro próximo, para onde nossa espécie possa migrar.
Para visitar, sim. Para se estabelecer, ainda não.
Gostemos ou não, a Terra é por enquanto o único lugar em que podemos viver.
Dizem que a astronomia é uma experiência que forma o caráter e ensina a humildade.
Certamente não há melhor demonstração da tolice das vaidades humanas do que essa imagem distante de nosso minúsculo mundo.
Para mim ela revela a responsabilidade de nos relacionarmos mais gentilmente uns aos outros, para preservarmos e amarmos este pálido ponto azul, o único lar que conhecemos.
(Carl Sagan)
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