Se tem uma coisa que não gosto, é ir ao Supermercado fazer
as compras semanais. Que martírio!
Claro que agradeço a Deus por poder abastecer minha casa com
comida, bebida e produtos de higiene pessoal e doméstico, que nos dão excelente
qualidade de vida, em comparação há muitos que não dispõe nem do mínimo necessário
para sobrevivência. Reconheço ser privilegiada e agradeço a Ele!
Meu desespero começa, porque tenho que fazer isso aos sábados.
Durante a semana, os afazeres domésticos e profissionais, sem falar da “assistência
participativa” aos filhos, marido, mãe e cachorro, quando não “pintam os extras”,
tornam impossível por falta de horário, dedicar-me as compras.
Assim, como todo pobre, que “enquanto descansa carrega pedra”,
elegi os sábados para minha missão de guerra - ir ao supermercado! Parece mesmo
uma guerra, ou que entraremos em uma e todos se dirigem aos centros de compras,
para abastecerem seus “esconderijos”, de onde só poderão sair quando for
novamente decretada à paz. Parece que declararam estado de alerta!
O martírio começa no estacionamento; se você não sabe disso
aprenda, supermercado com estacionamento vazio é careiro, fuja dele. Se quiser ofertas
e preço bom, vá naquele que está mais cheio. Sim, o martírio aumenta, mas sobram
uns trocos e diminui o suplício.
O estacionamento quanto maior, menos vagas. Quando avisto
uma é de deficiente ou idoso, podem me apedrejar, mas detestar fazer compras e
ainda ser politicamente correta é um esforço sobre-humano, não consigo.
Já pensei em parar numa vaga de deficientes e descer do
carro mancando, pegar um carrinho daqueles motorizados e “passear” pelos
corredores tranquilamente, mas é muita cachorrada, deve ser até pecado, nunca
tive coragem de colocar minha ideia em pratica.
Por não ter ainda 60 anos, também não sou idosa, mas já
notei que há mais vagas de idosos que idosos fazendo compras, deixo minha
civilidade de lado e estaciono nela. Sempre deu certo, hoje o guarda do
estacionamento resolveu cismar comigo e assim que desci do carro, falou:
- Senhora, desculpe-me, mas essa vaga é para idosos.
Fiz cara de cínica e desentendida e falei:
- Eu sei. E quantos anos você acha que eu tenho?
Ele ficou meio sem jeito e, com um sorriso amarelo, disse:
- Desculpe, mas a senhora não aparenta ter 60 anos.
- Jura? Você acaba de melhorar meu dia! Se não fosse antiético
te dava um beijo! – Falei sorrindo e com cara de feliz e fui travando o carro e
caminhando pra porta de entrada.
Ele apenas sorriu e não disse mais nada, mas também dizer o
que não é? O cliente tem sempre razão!
Carro devidamente estacionado, carrinho na mão, listinha na
outra, bolsa a tiracolo e vamos às compras...
Transitar nos corredores dos mercados é um grande teste de
habilidade e coordenação motora, não há semáforos, pisca e, principalmente, luz
de freio.
Na primeira parada que dei para pegar alguns itens, veio uma
e bateu no meu tornozelo - nossa, dói mais que chute no saco! A má condutora infeliz
ainda fala, ao ver minha cara de dor e ódio: - Te machuquei? Desculpa, estava
olhando pra prateleira. Não respondi, o único som que ela ouviu de mim foi meu “aí”,
no mais ganhou um olhar de desprezo, cravejado de raiva e uma cara feia. Não disse
nada.
Já notei que muitos vão às lojas varejistas apenas para
conversar, chegam a formar rodinhas de bate-papo no meio dos corredores,
acumulando-se mais em torno do café gratuito; se resolvessem cobrar o cafezinho,
diminuía muito o movimento, é um bando de desocupado atrapalhando quem tem que
fazer suas compras. Só tomo o café quando estou indo embora, não atrapalho
ninguém.
Depois de um anda e para, desvia pra cá e pra lá, senha pra
açougue e fila, senha pra frios e fila, senha pra peixaria e fila, pisão no pé
no verdurão, congestionamento nos laticínios, criança chorando, outros maiores
tirando racha com carrinho - esses últimos eu adoro quando encontro e por azar
dão de cara comigo, dou uma encarada neles com cara de brava enrugando a testa,
que eles perdem rumo e somem! Criança da gente é gracinha, dos outros é
pentelho. Quando os pais vão aprender isso?
Por lidar com o público, profissionalmente, e ser “velha
conhecida” na cidade, entro e saio torcendo para não ser vista e ter que
conversar, outro dia um cliente me fez dissertar meu catalogo de vendas em
pleno corredor... Devia ter levado o Notebook.
Uma amiga que há muito não via, entrou nuns papos de “que
muitos já morreram” e enterrou até quem está vivo, levei um susto tão grande,
que de lá mesmo liguei para um conhecido pra confirmar o tal óbito, felizmente
foi engano dela, deve estar solitária e com depressão, dei meu cartão e pedi
pra ela me ligar, faço meus “extras” com carinho...
Não que eu não goste de conversar, quem me conhece sabe que
adoro, falo até com quem não conheço, mas no supermercado atrapalhamos e somos
atrapalhados, nisso sou politicamente correta.
A fila do caixa é outro “Deus nos acuda”, fora a lentidão
natural, ainda tem sempre aquele que “esqueceu alguma coisa” e vai buscar e demora
pra voltar...
É nessa hora que aproveito
para me inteirar do que acontece nas novelas, leio a capa das revistas e vou
entendendo um pouco do que se passa, como não gosto de assisti-las, torna-se
muito útil, porque sempre aparece uma “cliente noveleira” e é bom ter noção do
que acontece para puxar assunto e ganhar prestigio. É unir o útil ao
desagradável.
Boa mesmo é a sensação de dever cumprido e liberdade que
sinto, quando coloco as compras no porta-malas, acendo um cigarrinho e vou pra
casa... Que felicidade!
Claro que ao chegar em casa tem o martírio de ter que guardar
tudo, mas aí é uma outra historia...
(By Nádia)
Nádia,
ResponderExcluirRi de mais.kkkkkkkk
Por isso mesmo eu raramente vou ao supermercado..
Só vou mesmo quando tenho que comprar algo que quero ser eu a escolher.
Fazer a lista já me dá uma trabalheira...
Bom descanso! (carregando pedra)kkkkk
Adin
Adin,
ResponderExcluirO que não tem remédio, remediado está... Fazer o que???....kkkkkkkkk
ahahahahaha Nádia as suas compras parecem uma aventura... aqui tb é assim nos hiper-mercados.
ResponderExcluirMas tem razão, eu tb detesto fazer as compras, mas tem que ser.